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quarta-feira, 8 de junho de 2011

Confira entrevista com Carla Luciana Silva, autora de "Veja: o indispensável partido neoliberal"

Por Lia Segre, do Observatório da Imprensa
Carla Luciana Silva, professora do curso de História da Universidade Estadual do Oeste do Paraná (Unioeste), passou meses dedicando-se à leitura paciente de pilhas de edições antigas da revista Veja. A análise tornou-se uma tese de doutorado, defendida na Universidade Federal Fluminense, e agora, em livro. "Veja: o indispensável partido neoliberal (1989-2002)" (Edunioeste, 2009, 258 páginas) é o registro do papel assumido pela principal revista do Grupo Abril na construção do neoliberalismo no país.
A hipótese defendida pela professora é de que a revista atuou como agente partidário que colaborou com a construção da hegemonia neoliberal no Brasil. Carla deixa claro que a revista não fez o trabalho sozinha, mas em consonância com outros veículos privados. Porém, teve certo protagonismo, até pelo número médio de leitores que tinha na época – 4 milhões, afirma Carla em seu livro.
"A revista teve papel privilegiado na construção de consenso em torno das práticas neoliberais ao longo de toda a década. Essas práticas abrangem o campo político, mas não se restringem a ele. Dizem respeito às técnicas de gerenciamento do capital, e à construção de uma visão de mundo necessária a essas práticas, atingindo o lado mais explícito, produtivo, mas também o lado ideológico do processo", afirma trecho do livro.
Uma verba invejável
Sobre o título do livro, por que "indispensável"? É uma brincadeira com o slogan da Veja ou reflete a importância da revista para o avanço do neoliberalismo no Brasil?
Carla Luciana Silva - O título é uma alusão ao slogan da revista e ao mesmo tempo nos lembra que ela foi um sujeito político importante na construção do neoliberalismo. A grande imprensa brasileira foi indispensável para que o neoliberalismo tenha sido construído da forma que o foi. A Veja diz ser indispensável para o país que queremos ser. A pergunta é: quem está incluído nesse "nós" oculto? A classe trabalhadora é que não é.
Quais os interesses defendidos por Veja?
C.L.S. - Os interesses são os dominantes como um todo, mais especificamente os da burguesia financeira e dos anunciantes multinacionais. Em que pese o discurso de defesa da liberdade de expressão articulado à publicidade, o que importa para a revista são os interesses em torno da reprodução capitalista. A revista busca se mostrar como independente, o que se daria através de sua verba publicitária. É fato que a revista tem uma verba invejável, mas isso não a transforma no Quarto Poder, que vigiaria os demais de forma neutra. Ao mesmo tempo em que ela é portadora de interesses sociais, faz parte da sociedade, a sua vigilância é totalmente delimitada pela conjuntura e correlação de forças específica. O exemplo mais claro são as denúncias de corrupção e forma ambígua com que Veja tratou o governo Collor, o que discuto detidamente no livro.

Veja: o indispensável partido neoliberal

Este livro mostra o papel assumido pela principal revista do Grupo Abril, VEJA, como agente partidário na construção da hegemonia neoliberal no país. A publicação, resultado da tese de doutorado da autora, analisa a revista como meio de comunicação que contribui para a consolidação da gestão do capital no Brasil e, consequentemente, para a legitimação do discurso neoliberal. A autora explica que o “indispensável” do título é uma brincadeira com o slogan da Veja. “A Veja diz ser indispensável para o país que queremos ser. A pergunta é: quem está incluído nesse ‘nós’ oculto? A classe trabalhadora é que não”, afirma Carla.

Autora: Carla Luciana Silva
Editora: Edunioeste
Preço: R$30

Ernesto Guevara, também conhecido como CHE GUEVARA

Che é um dos revolucionários mais conhecidos e admirados do mundo. Há mais de 40 anos de sua morte – e 80 anos de seu nascimento – seu compromisso com a história permanece um símbolo de rebelião, esperança e justiça. Ernesto Guevara, também conhecido como Che é uma biografia minuciosa e detalhada, que revela na sua plenitude um homem sempre pronto para a luta. Este livro, escrito com grande intensidade e dedicação, por sua fidelidade histórica, é uma crítica contundente aos que querem separar Che de suas idéias e limitar sua herança a rótulos.

AUTOR: Paco Ignácio Taibo II
Editora: Expressão Popular
Preço: R$30